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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Cinema, TV e Psiquiatria - Clínica Pacífico

Os psiquiatras da Clínica Pacífico atendem pacientes de Brasília e de todo o DF, portadores das mais variadas doenças mentais.



     Conheça logo abaixo mais sobre as principais doenças psiquiátricas, e veja comentários sobre filmes e programas de TV que abordam tais doenças.



Transtornos de Ansiedade



      Os transtornos de ansiedade são extremamente frequentes e seus sintomas podem ser tanto sensações físicas quanto pensamentos incômodos.  Estes sintomas frequentemente estão presentes na população saudável quando vivenciamos uma situação incomum ou muito significativa (por exemplo, antes de fazer uma prova, de se apresentar em público ou de um encontro amoroso importante), porém é necessário que estejam presentes em um grau exagerado, afetando a vida diária da pessoa, para representar um problema que necessita de tratamento médico.



     Os transtornos de ansiedade dividem-se em diversos tipos de acordo com os sintomas predominantes e estão listados a seguir:



Transtorno do Pânico



     A característica principal do transtorno do pânico é o ataque de pânico, uma combinação de sintomas físicos muito intensos e pensamentos desagradáveis. Estas sensações são tão desconfortáveis que frequentemente as pessoas acham que estão tendo um infarto e procuram a emergência de um hospital geral. Seus sintomas são: taquicardia (“coração acelerado”), palpitações (sentir o coração batendo descompassado no peito), dor na região do coração, sensação de falta de ar, tremores, suor excessivo, enjôo ou dor abdominal e sensação de morte iminente.



Foto 1
No filme "O Procurado",  Wesley Gibson (James McAvoy) é uma pessoa comum, que trabalha em um escritório. No início do filme, são mostrados ataques de pânico típicos: taquicardia, sudorese, tremores, sensação de morte iminente. 

       Fica bem claro para quem assiste o quanto estes sintomas são incapacitantes. Entretanto, o filme é uma ficção, onde balas fazem até curvas... Sendo assim, o "tratamento" para esta condição não é nada convencional. Ao invés de medicamentos e psicoterapia, outras "técnicas" são utilizadas. Se você deseja ter uma idéia do que é um ataque de pânico, entrentanto, vale à pena assistir, sem levar em conta o "tratamento" proposto.


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Transtorno de Ansiedade Generalizada



     As pessoas com um transtorno de ansiedade generalizada estão constantemente tensas, preocupadas com situações corriqueiras, antecipando problemas que poderiam acontecer.  Estas preocupações devem ser exageradas para serem caracterizadas como um transtorno e podem causar diversas complicações, tais como problemas para dormir, dores musculares, problemas de concentração e irritabilidade.



Fobias



     Uma fobia é um medo persistente de um objeto, animal, situação ou atividade.



     Este medo é tão intenso que a pessoa pode evitar qualquer situação em que possa estar exposta à causa do medo. Alguns tipos comuns de fobias são:



•    Fobia   específica: uma fobia específica é o medo exagerado de uma situação que normalmente não é perigosa. Dentre os medos mais comuns, incluem-se os medos de voar ou de aranhas ou baratas.



•    Fobia   social: a fobia social é caracterizada pelo medo exagerado de parecer envergonhado ou desprezado em situações sociais, tais como falar em público, aproximar-se de outras pessoas, ou de fazer atividades corriqueiras (como comer ou preencher um cheque) na frente de outras pessoas.



•   Agorafobia: é o medo de estar em um local ou envolvido em uma situação em que não seja possível obter auxílio caso aconteça um ataque de pânico.



     As causas dos transtornos de ansiedade são múltiplas, envolvendo influências genéticas, familiares e ambientais. O tratamento dos transtornos de ansiedade envolve o uso de medicamentos.



      Normalmente são utilizados ansiolíticos, medicamentos que causam redução rápida da ansiedade, e os antidepressivos, para obter resultados a médio e longo prazo. 



     Pode parecer curioso que os antidepressivos sejam utilizados no tratamento de múltiplas doenças. 



     Muitos medicamentos que foram inicialmente desenvolvidos para o tratamento da depressão são úteis no tratamento de outras doenças, como os transtornos de ansiedade, pois há diversos neurotransmissores que estão envolvidos na gênese dos dois grupos de doenças e alguns medicamentos utilizados no tratamento da depressão também são utilizados no tratamento dos transtornos de ansiedade.





Transtorno Obsessivo-Compulsivo



      O transtorno obsessivo-compulsivo (também conhecido como TOC) é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos, que são pensamentos desagradáveis, que surgem na mente espontaneamente, contra a vontade do paciente, geralmente envolvendo alguma ameaça (por exemplo, pensamentos relacionados ao adoecimento ou morte do paciente ou de algum familiar) e por atos compulsivos, que são realizados pelo paciente como uma maneira de aliviar a ansiedade causada pelos pensamentos obsessivos.



     Alguns pensamentos obsessivos e os atos compulsivos podem apresentar uma ligação aparentemente lógica, como, por exemplo, ter medo de contrair alguma doença e lavar as mãos exageradamente ou achar que uma porta foi deixada aberta e verificar repetidas vezes se está trancada; entretanto, isto não ocorre com todos os pacientes, nem todo o tempo.



     Por vezes, pensamentos aterradores, como achar que um desastre pode acontecer a um parente, podem levar os pacientes a contar objetos (como o número de carros que uma determinada cor que passam em seu trajeto) para tentar neutralizá-los.



     Outros comportamentos repetitivos, como arrumar sempre os objetos da mesma maneira e apresentar ansiedade quando estão desarrumados, contar diversos eventos ou acumular objetos são também sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo.



      Para que um indivíduo seja diagnosticado como portador de TOC, é necessário que os pensamentos obsessivos e as compulsões consumam boa parte de seu dia.  Além disto, os rituais compulsivos não devem causar prazer, nem levar à realização de tarefas úteis por si mesmas.



     Assim como em outros transtornos mentais, as causas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo são múltiplas e envolvem alterações bioquímicas (neurotransmissores), genéticas e ambientais.



     O tratamento do TOC é feito com uma combinação de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, podendo ser utilizados medicamentos de outras classes para potencializar o efeito dos primeiros.  Além do tratamento com remédios, um tipo de psicoterapia, a Terapia Cognitivo Comportamental, vem sendo utilizada com bastante sucesso no tratamento deste transtorno.



     Vários filmes retratam pacientes portadores de transtorno obsessivo-compulsivo e suas dificuldades.

     Talvez o mais famoso dele seja “Melhor é Impossível” (As Good as It Gets, 1997).  Jack Nicholson ganhou o Oscar de melhor ator por este trabalho. Ele retrata a vida de Melvin Udall, um escritor famoso e recluso.

    Melvin apresenta uma série de restrições devido à sua doença. Por exemplo, só consegue sentar-se em uma mesa de um mesmo restaurante para se alimentar. E traz os talheres de casa, descartáveis, devido ao grande medo de contaminação.

     Não consegue pisar em quaisquer linhas divisórias entre pedras das calçadas. Os pacientes com esta condição não conseguem fazer isso porque ficam com a impressão de que se pisarem em tais linhas, algo de ruim pode ocorrer (obsessão). E para tentar “anular” isso, caso pisem, a doença os obriga a fazer um ato sem utilidade, como por exemplo: pisar em outras 3 linhas para fazer um número “par” de pisadas, contar até 8...

Se o paciente não cede a tal compulsão, o pensamento obsessivo se repete e aumenta muito o nível de ansiedade, praticamente obrigando o paciente a realizar o ato compulsivo para livrar-se deles.

     Entretanto, o personagem do filme é extremamente e rude, e estas não são características relacionadas à doença! Muitas pessoas podem ter ficado com esta impressão ao assistir ao mesmo, mas é importante ressaltar isso.

     Vamos analisar características do TOC no trailer deste filme: 


Em 0:25 o personagem se esquiva de todos ao caminhar na calçada, pelo medo de contaminação, muito comum nesta doença.

     Em 0:35 outro ritual muito frequente, o de realizar atividades um determinado número de vezes, é mostrado. No caso, ele abre e fecha a fechadura várias vezes, e sem nenhum motivo lógico para fazê-lo, apenas para aplacar sua ansiedade se não o fizer.

     Em 0:38 o paciente é visto se esquivando das linha divisórias na calçada, e com isso até derruba um ciclista, tamanha a necessidade de não pisar nas mesmas.

      Em 1:42, o personagem mostra-se visivelmente incomodado por ter sido “tocado” pelo personagem interpretado por Cuba Gooding Jr. Ou seja, novamente o medo de contaminação.

     O personagem se apaixona pela personagem de Hellen Hunt, e por isso decide que é necessário tratar-se. Em 1:18, ele fala que ela “o faz querer ser um homem melhor”. E ele assim o faz. Procura tratamento psiquiátrico e passa a tomar as medicações necessárias.  E no final do filme, os primeiro sinais de melhora já aparecem. Ele por fim consegue andar com sua amada em uma calçada, pisando nas linhas divisórias normalmente, como se elas nem existissem. 

     Na TV, uma série tem como protagonista um detetive portador de TOC extremamente detalhista. Monk nos apresenta um portador de transtorno obsessivo compulsivo que utiliza suas habilidades de observação extremamente aguçada para desvendar crimes que outros não conseguem. Tony Shalhoub realiza um excelente trabalho dando vida ao investigador Adrian Monk.

     Mesmo com as limitações inerentes à doença, que o atrapalham sobremaneira, pelos detalhes que a maioria das pessoas não enxerga, sua genialidade o permite um trabalho extremamente diferenciado e eficaz.

       Vamos analisar características do TOC neste vídeo: 

Colin Firth ganhou o Oscar de melhor ator por sua atuação neste filme.

     Em 0:15, o então Duque de York precisa fazer um discurso. É notável a grande dificuldade de expressão, que termina por inviabilidar o discurso. Notem a interrupção da fala, obrigando que ele se retirasse sem concluir o mesmo.

     Em 0:31, um "tratamento" baseado em tentar ler com bolas de gude na boca é malsucedido, tendo o paciente engolido uma das mesmas. Neste trecho percebemos a dificuldade de lidar com o problema na  época retratada pelo filme, onde tratamentos estruturados praticamente não existiam, levando o paciente a grande sofrimento físico e psíquico.

  Lionel Logue (Geoffrey Rush) é  um terapeuta de fala australiano contratado para o tratamento do Rei. Logo na primeira consulta, em 0:42, ele tenta abordar temas da infância que poderiam ter dado início ao problema. Mas o paciente rejeita imediatamente tal abordagem, alegando "não estar ali para tratar de assuntos pessoais".

     Em 0:58 observa-se a realização de treinamento mecânico para a fala, exercícios de relaxamento, e de respiração.

     Com a Segunda Guerra Mundial, era necessário que o Rei da Inglaterra realmente fosse um líder que passasse segurança em seus discursos via rádio ao vivo para todo o Império Britânico.

       A necessidade de um bom desempenho neste aspecto, fez o Rei procurar novamente Lionel para um trabalho mais completo.

       Eles passam a trabalhar juntos em temas da infância do Rei que eram importantes na gênese da doença.

       E dessa maneira, obtiveram sucesso no controle da tartamudez. O filme culmina com o primeiro pronunciamento do Rei George VI na Segunda Guerra Mundial.





Psicopatia ou Transtorno de Personalidade Anti-Social



     Eis um tema bastante importante, e pouco conhecido pela população.

    Em primeiro lugar: se você que se considera introspectivo e não gosta de muito contato com outras pessoas, ou se incomoda com isso, você não é anti-social.

    Ao ler abaixo, você entenderá exatamente porque isso está completamente errado (ainda bem) – veja o final deste texto.

      O transtorno de personalidade anti-social ocorre em 3% dos homens e 1% das mulheres. Na população carcerária, a prevalência chega a 75% dos detentos!

      Anti-social se refere a alguém que é “contra a sociedade”, que faz mal à sociedade.

     Os portadores deste transtorno em geral se fazem parecer pessoas completamente normais, e inclusive muitas vezes se esforçam em ser sedutores , charmosos e encantadores. Tudo para ludibriar as pessoas à sua volta e atingir seus objetivos.

      Comportamentos comuns ao longo da vida são recorrentes: mentiras, brigas, uso de drogas.

      Durante a infância, são comuns os relatos de maus tratos a pequenos animais para “diversão”. Um exemplo de uma pessoa com esta condição: para se “divertir”, colocou um filhote de gato vivo em um liquidificador ligado...

      Na infância, muitos dos candidatos a esta condição são conhecidos como sendo portadores de “transtorno de conduta”. Após os 15 anos, assumem formalmente a denominação de psicopatas, ou anti-sociais.

      Vejamos alguns elementos usados como critérios diagnósticos:

   - Dificuldade em se adequar às regras sociais, resultando em frequentes detenções

   - Enganam, mentem deliberadamente, usam nomes falsos, tudo para obter vantagens pessoais e/ou prazer

    - Impulsividade, irritabilidade e tendência a agressividade

    - Desrespeito irresponsável pela segurança alheia

   - Irresponsabilidade consciente, representado por não honrarem compromissos financeiros e de trabalho

     - Ausência de remorso após terem maltratado, roubado ou prejudicado alguém

    O indivíduo anti-social não sente remorso, e usa de todos os artifícios ao seu alcance para obterem o que desejam. Não se importam com as consequências de seus atos para os outros. Sendo assim, impera o egoísmo. E justamente por não sentirem remorso, são “excelentes atores”
simulando emoções para enganar terceiros.



    Os portadores desta condição são plenamente conscientes do mal que causam aos outros, e não sentem remorso ao causar este mal para obterem vantagens.

    Na maioria absoluta dos casos os portadores não enxergam sua condição como patológica. Muito pelo contrário. Julgam-se “mais espertos” e “mais inteligentes” que os outros e se acham no direito de prejudicá-los para “se dar bem”.

      Quando interrogados pelos psiquiatras tentam dissimular e convencer que são pessoas cheias de boas intenções, “perseguidas” pelo mundo...

      Eles desenvolvem também capacidades teatrais importantes ao longo do tempo, facilitando com que consigam enganar os outros, e se valem de sex appeal para obterem o que desejam, mesmo tendo a plena consciência de que estão prejudicando imensamente a vida alheia.

     Psicopatas inclusive enganam seus cônjuges e filhos, sem remorso, para obter as mais diversas vantagens.

     O filme “Serial Mom” – traduzido para o português como “Mamãe é de Morte” segundo consta no início do filme, é baseado em fatos reais.

      Mesmo se não for realmente baseado em fatos reais, o filme ilustra a psicopatia.

      Ele conta história de Beverly Sutphin, vivida por Kathleen Turner. Uma típica dona de casa, esposa de um dentista e mãe de dois filhos.

     Ela leva uma vida “normal, feliz e perfeita”, de acordo com os padrões sociais.

      Tem um bom relacionamento com os vizinhos.

      Ou seja, é uma pessoa “acima de qualquer suspeita”.

      Vamos analisar um clipe deste filme

ATENÇÃO: ESTE CLIPE CONTÉM CENAS DE ASSASSINATOS. NÃO ASSISTA SE NÃO ESTIVER EM CONDIÇÕES PSÍQUICAS OU SE  FOR PORTADOR DE EPILEPSIA OU  DOENÇAS CARDÍACAS.
Em 0:09, ela cumprimenta os garis que gostam dela porque ela sempre é cordial e realiza a coleta seletiva de lixo da forma correta (como uma dona de casa “perfeita” faria).

   Em 0:50 observa-se ela atropelando o professor de matemática de um dos filhos devido a uma divergência. Em 1:00 observa-se o prazer de Beverly ao assassinar o professor. Em 1:38, ela dá ré no carro para completar seu ato assassino. Nenhuma evidência de remorso.

   Em 1:03, ela resolve assassinar um rapaz que “deu um fora em sua filha”, de maneira extremamente cruel.

   Em 1:22, ela aparece sorridente, indiferente ao crimes que cometeu.

   Em 1:27, ela flagra um amigo de seus filhos se masturbando com um filme erótico. Ela o classifica como “pervertido” e sendo assim, ele já se torna uma vítima em potencial.

   Em 1:31, ela assassina um casal simplesmente porque eles comem aves. Isso mesmo. Ela gosta muito de pássaros, e como ela flagrou os vizinhos comendo um frango, resolveu que deveria eliminá-los. Primeiro mata a esposa com uma tesoura. Este vídeo não mostra, mas ela assassina o marido jogando um aparelho de ar condicionado em cima de sua cabeça...

   Em 2:01 ela assassina uma vizinha brutalmente com um pernil simplesmente porque ela não rebobina as fitas VHS antes de devolver à locadora... E em 2:07, coloca o filme para rebobinar... O sangue está literalmente na TV... O amigo dos filhos que em 1:27 foi classificado por ela como “pervertido”, presencia o assassinato. E ela percebe. Assim, inicia uma caçada ao rapaz, que termina em um show de Rock, com ele sendo morto queimado pela assassina.

   Em 2:34 ela reage como se nada de errado estivesse ocorrendo...



   Finalmente, ela é levada ao tribunal para julgamento.



   Em 2:39, ela acena negativamente com a cabeça... É porque ela percebe que uma das juradas está usando sapatos brancos após o Dia do Trabalho. Não usar peças de vestuário brancas após o Dia do Trabalho é uma de tradição nos EUA. Qual a “pena” para a jurada? Espancamento e morte com o fone de um “orelhão”, como visto em 3:05

   Em 2:48, ela usa seu “sex appeal” – se é que se pode chamar aquilo se “sex appeal” – para dissuadir uma testemunha de um de seus assassinatos a denunciá-la.



      O que vemos em todas estas cenas pavorosas? Assassinatos por motivos esdrúxulos, sem qualquer remorso, com fins egoístas apenas.

       Claro que tudo está disposto de forma bastante cinematográfica, mas é uma ilustração razoável de possíveis condutas destes indivíduos.

      Percebam que Beverly sabe exatamente o que está fazendo o tempo todo. Ela planeja os atos e os executa, a sangue frio. Ela tem prazer nisso também.

Foto2
 Na série de TV Dexter, temos outro exemplo de psicopata.

    Ele é um investigador da polícia, especialista em solucionar assassinatos pela forma que o sangue da vítima se espalhou na cena do crime.

      É uma “pessoa acima de qualquer suspeita”.

      Entretanto...

      Logo no primeiro episódio de Dexter, ele, ainda criança, tem uma conversa com seu pai.

     O pai fala que descobriu que o Dexter vem matando pequenos animais.

      A história típica do “psicopata em formação”

      Nos episódios, Dexter captura criminosos culpados, que nunca seriam presos e condenados, e resolve fazer “justiça com as próprias mãos”: ele assassina tais bandidos, friamente, e gostando do que faz.

      Aí você que está lendo pensa: isso não faz sentido. Se ele é psicopata, porque mata bandidos para fazer justiça?

      Realmente, não faz sentido algum.

      Isso não ocorreria geralmente no “mundo real” dos psicopatas.

      Um psicopata não cometeria crimes, se não ganhasse nada em troca, ou obtivesse alguma vantagem com isso.

      Ou seja, estes “assassinatos com finalidade justiceira” são apenas uma espécie de “licença poética” dos criadores da série...

     

      Assim, vem a pergunta: como lidar com os indivíduos psicopatas (anti-sociais)?

      Em primeiro lugar, a pessoa geralmente não se vê como disfuncional.   Sendo assim, não procura tratamento.

      Medicações e psicoterapia podem ser úteis, quando a pessoa se dispõe a realizar tratamento.

      Mas em geral, medidas de controle social (sanções legais, prisão por crimes cometidos) tem que ser empregadas

      Caro leitor: se você simplesmente é tímido, e “não leva jeito” com situações sociais, nunca mais diga que é “anti-social”.

      Ok?

      Se alguém que conhece o real significado desta expressão estiver por perto, vai pensar que você é um psicopata!






Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade



     O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno mental e do comportamento que surge na infância e, em alguns casos, perdura durante a adolescência e até mesmo durante a idade adulta.  O TDAH é caracterizado pela combinação de sintomas de desatenção aos de hiperatividade e impulsividade.  Durante a infância, os portadores de TDAH são tidos como desatentos ou muito agitados (geralmente os meninos apresentam mais sintomas de hiperatividade que as meninas).  



     Um portador de TDAH frequentemente pode ter dificuldade a prestar atenção a detalhes, cometer erros por descuidos em seus deveres e tarefas, ter dificuldade em manter a atenção em atividades educacionais, laborativas ou de lazer; parecer não estar ouvindo quando alguém está falando diretamente com ele, não seguir instruções até o fim e não concluir tarefas escolares ou obrigações, ter dificuldades de organização, não se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado, perder objetos necessários às suas atividades, distrair-se com estímulos externos, não conseguir ficar parado em uma cadeira ou escrivaninha, sair do lugar em situações em que se espera que fique sentado, ter dificuldade para brincar de maneira calma, falar em demasia, responder a perguntas preciptadamente, antes que tenham completamente enunciadas, ter dificuldade para esperar sua vez e interromper os outros com frequência. 



     Para que um indivíduo seja considerado portador de TDAH, é necessário que estes sintomas estejam presentes desde cedo em sua vida e causem prejuízos em diversos aspectos de sua vida (familiar, escolar, social). Boa parte dos pacientes atinge a remissão dos sintomas ao longo da vida.  Alguns podem apresentar sintomas durante a adolescência e a idade adulta, porém geralmente há uma mudança no perfil, predominando os sintomas de desatenção.



     O tratamento do TDAH é realizado com uma combinação de medicamentos, orientações aos pais e professores e técnicas específicas de psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental.

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Transtornos Dissociativos



     Os transtornos dissociativos caracterizam-se por perda parcial ou completa da memória (inclusive da própria identidade), da consciência, dos movimentos, da sensibilidade cutânea ou dos outros sentidos (audição, visão, olfato e paladar). Em geral o que desencadeia os sintomas é um evento bastante traumatizante (um grande estresse) pouco tempo antes.

       O exame físico e todos os exames complementares são normais.

      A impressão para quem acompanha o desenrolar da doença é que o paciente vinha bem, até sofrer um estresse tão grande que o cérebro “trava”.

       Aí então, surgem um ou mais destes sintomas supra descritos.

    Por exemplo: uma mulher recebe uma carta anônima com fotos comprometedoras de seu marido com uma outra mulher.

       Ela cai sentada em uma cadeira, com o “susto”.

      Alguns dias após, ao acordar, não sente e nem consegue mexer as pernas.

        O tratamento é baseado em psicoterapia e medicamentos.

      O filme “Dirigindo no Escuro” é uma comédia muito divertida de Woody Allen. Ele retrata a vida de Val Waxman, um diretor de cinema decadente, que tem uma grande oportunidade de voltar ao topo em sua carreira, mas é acometido por uma abolição dissociativa da capacidade de enxergar.



Vamos ao trailer!

 Em 0:06, aparece na legenda em inglês que Waxman era um dos mais badalados diretores da década de 70 e na de 80.

      Mas agora...

     Devido a ser bastante “excêntrico”, ele não consegue mais bons trabalhos.

      Em 0:21, Waxman aparece em uma nevasca falando ao telefone indignado, sentindo-se humilhado por estar dirigindo um comercial de desodorantes, sendo que é tão competente que já havia ganhado 02 Oscars em sua carreira.

      Em 0:26 a ex-esposa dele, Ellie (Théa Leoni) tenta convencer seu atual namorado, Hal Jaeger, de que Waxman seria “perfeito” para dirigir um grande filme de seu estúdio.

      Hal acaba cedendo aos apelos da namorada, e contrata o polêmico diretor para o trabalho.

      Entretanto...

      Em 0:49, com o grande estresse gerado pela oportunidade, ele passa a não enxergar mais nada!!!

      Ele procura tratamento, mas este não surte efeito. Então acaba tendo que dirigir o filme inteiro fingindo que está tudo bem.

      Várias situações se sucedem: ele passa a colidir com objetos enquanto anda, a deixar objetos caírem, a não consegue fazer escolhas baseadas em coisas que teria que ver...

      Em 1:51, ele finge avaliar o pôster do filme. Mas como ele não vê nada, pega o pôster do lado do avesso.

       O resultado do trabalho é desastroso!

      Se você assistir ao filme até o final, terá uma grande surpresa: existe um lugar no mundo onde o filme recebeu uma excelente crítica.

      Vale à pena ver e se divertir!




  

Transtornos Alimentares

  

     Transtornos Alimentares são doenças que causam graves alterações na maneira como as pessoas se alimentam e nos pensamentos e sentimentos relacionados à alimentação.



     As pessoas que têm transtornos alimentares geralmente preocupam-se de maneira exagerada com a alimentação, com seu peso e a forma corporal e tomam medidas extremas em resposta a estas preocupações.  Os transtornos alimentares, quando não tratados, representam grande risco para as pessoas acometidas, podendo causar a morte de até 20% das pacientes com anorexia nervosa.



     Os transtornos alimentares afetam principalmente mulheres de 12 a 35 anos de idade, porém também podem ocorrer em mulheres de outras faixas etárias e em homens. Os dois tipos principais de transtorno alimentar são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.



     Pessoas com anorexia nervosa e bulimia nervosa tendem a ser extremamente críticas sobre seus corpos. Elas geralmente sentem-se gordas, mesmo que estejam muito emagrecidas ou desnutridas. Elas também podem apresentar medo intenso de engordar e isto pode afetar todas as suas atividades. Frequentemente, os portadores de transtornos alimentares não reconhecem que têm um problema de saúde.





Anorexia Nervosa



     A anorexia nervosa afeta cerca de 0,5% das mulheres jovens. Este transtorno é diagnosticado quando as pacientes apresentam um medo constante de engordar, mesmo estando com um peso abaixo do normal. As alterações de comportamento apresentadas pelos portadores deste transtorno podem envolver a restrição alimentar extrema ou o uso de medidas para compensar as poucas calorias ingeridas, seja através de exercícios exagerados, de vômitos forçados ou uso de laxantes.



     A restrição alimentar pode causar alguns efeitos danosos ao corpo, tais como: interrupção da menstruação, osteopenia ou osteoporose (“enfraquecimento dos ossos”), alterações no aspecto das unhas, do cabelo e da pele, anemia, constipação (dificuldade para evacuar), redução da pressão arterial, queda da temperatura do corpo, desnutrição, depressão e letargia. 





Bulimia Nervosa



     A bulimia nervosa é caracterizada por episódios em que a pessoa come, em um curto período de tempo, uma quantidade muito grande de comida, superior a que uma pessoa de mesma idade, constituição e peso comeria, por vezes engolindo sem mastigar, sem saborear, misturando diversos tipos de alimentos ou ainda comendo comida gelada.



     Estes episódios normalmente são interrompidos pela chegada de outra pessoa, ou quando o paciente fica tão exausto que dorme cansado de tanto comer, ou ainda quando o estômago, de tão distendido, começa a doer.



     Depois destes episódios de exagero alimentar, os portadores de Bulimia Nervosa costumam realizar episódios de compensação para tentar evitar o ganho de peso, como provocar vômitos, usar um laxante, tomar outros remédios ou praticar exercícios físicos.



     Estes comportamentos normalmente ocorrem fora das vistas de outras pessoas, pois costumam causar vergonha e desconforto e não costumam ser notados até que se tornem tão frequentes que causem um prejuízo significativo à vida da pessoa.



     A bulimia nervosa também pode causar alterações físicas como: garganta constantemente inflamada, aumento do volume das glândulas parótidas (localizadas no pescoço), alterações no esmalte dos dentes causadas pelo ácido contido nas secreções do estômago, tornando os dentes amarelados, halitose (“mau hálito”), problemas intestinais pelo uso exagerado de laxantes, problemas renais causados pelo uso de diuréticos e problemas cardíacos causados pela alterações em substâncias essenciais ao corpo que são perdidas pelos vômitos repetidos.



     As pesquisas realizadas até o momento sugerem que há traços hereditários nos transtornos alimentares, porém estas doenças também podem aparecer em famílias que não apresentam nenhum outro caso de transtorno alimentar.



     O tratamento dos transtornos alimentares envolve a participação de diversos profissionais, com diversas técnicas.



   Habitualmente, o tratamento envolve o atendimento médico realizado por psiquiatras, com prescrição de medicamentos e psicoterapia e também por outros especialistas, como endocrinologistas, nutricionistas e psicólogos, que auxiliarão o paciente a recuperar os hábitos alimentares saudáveis.


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Depressão

        A depressão é um dos transtornos mentais mais comuns e acomete cerca de 10% dos brasileiros. 



     Os sintomas mais frequentes deste transtorno são uma sensação de tristeza constante e a perda do prazer na realização de atividades que antes eram prazerosas.  Estes sintomas habitualmente são acompanhados por outras manifestações, como alterações no apetite (uma grande redução do apetite ou aumento do apetite, causando grandes variações no peso do paciente em pouco tempo), insônia ou sonolência exagerada, perda de energia e dificuldade para realizar tarefas cotidianas, dificuldades para pensar e tomar decisões, sentimentos de impotência ou culpa e, em casos mais graves, pensamentos sobre suicídio e tentativas de suicídio.



     A depressão pode surgir em qualquer idade, da infância à velhice, porém é mais frequente que o primeiro episódio aconteça no decorrer da terceira década de vida (entre os 20 e os 30 anos de idade) ou por volta dos 60 anos de idade.  A maior parte dos pacientes apresenta apenas um episódio de depressão e, uma vez instituído o tratamento adequado, apresenta remissão completa dos sintomas.  Algumas pessoas podem apresentar um segundo episódio depressivo em um período de meses a anos após a melhora dos sintomas e um contingente ainda menor apresentará diversos episódios ao longo da vida.



      A depressão é uma doença tão frequente na população e tão devastadora que uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde mostrou que a depressão é a segunda maior causa de incapacidade no mundo. 



     Apesar de a tristeza ser um dos sintomas mais comuns de depressão e de pessoas tristes se descreverem como deprimidas, é importante diferenciar estes dois termos. 



     A tristeza é um sentimento comum e que pode acometer qualquer pessoa que perca um ente querido, que termine um relacionamento ou que tenha um projeto pessoal frustrado.  Este sentimento, entretanto, é passageiro e costuma se abrandar com o tempo. 



     A depressão pode acontecer com ou sem um evento estressante anterior e perdura por longos períodos. Diversos fatores são responsáveis pelo surgimento de um episódio de depressão, como alterações em neurotransmissores (substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre os neurônios - as células do cérebro), fatores genéticos, traços de personalidade e fatores ambientais.



        O tratamento da depressão é feito de múltiplas formas.  Em primeiro lugar, é necessário estabelecer o diagnóstico correto através de um exame médico, pois muitas doenças, como o hipotireoidismo, podem causar sintomas semelhantes ao da depressão, embora tenham tratamento completamente diverso. Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento será feito com o uso de medicamentos e/ou psicoterapia.



     Episódios de depressão leve podem ser tratados apenas com psicoterapia, ou com o uso de medicamentos, ou uma combinação das duas abordagens (estudos atuais mostram que a combinação das duas formas de tratamento promove mais benefícios que cada forma isoladamente). 



     Episódios moderados ou graves são tratados obrigatoriamente com o uso de medicamentos, podendo ser complementados com psicoterapia.  Habitualmente são utilizados medicamentos conhecidos como antidepressivos, que existem em diversas formas, combinados com medicamentos para reduzir a ansiedade e auxiliar o paciente a conciliar o sono quando necessário. 



      Normalmente, o tratamento começa a surtir efeito em um período entre uma e três semanas após o início do uso da medicação.  O tratamento deve ser mantido por alguns meses após a remissão completa dos sintomas para assegurar que o paciente não tenha uma recaída.  A depressão recorrente necessita de tratamento mais prolongado, que pode atingir dois, cinco ou vários anos.




Transtorno Bipolar do Humor



     O Transtorno Bipolar do Humor, anteriormente conhecido como Psicose Maníaco-Depressiva, é um transtorno mental que acomete de 1 a 3% da população. 

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      Aqui cabe um esclarecimento: em psiquiatria e psicologia, o termo “maníaco” se refere à pessoa portadora de transtorno bipolar na fase eufórica da doença. Entretanto, popularmente, as pessoas chamam de “maníaco” o indivíduo que comete crimes violentos e bárbaros.



      Outro esclarecimento: em psiquiatria e psicologia, a palavra “mania” se refere à fase eufórica do transtorno bipolar. Entretanto, popularmente as “peculiaridades” e preferências de cada um são vulgarmente chamadas de “mania”. Por exemplo: “Fulano tem mania de usar jeans sempre”. Ou: “Fulana tem mania de sempre escrever com lápis”.


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      Sendo assim, caro leitor, daqui para frente não use os termos mania / maníaco / maníaca incorretamente ! 

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      Este transtorno é caracterizado pela ocorrência de episódios de depressão, tais como os descritos no capítulo referente a esta doença, alternados com episódios maníacos, que são episódios em que o paciente apresenta uma sensação de grande energia, podendo permanecer acordado, agitado ou realizando tarefas durante muito tempo seguido, sem se cansar; uma aceleração do pensamento, que pode ser observada por uma fala muito rápida e um por um fluxo de idéias que por vezes pode ser confuso, passando de um pensamento a outro por ligações tênues, como o som semelhante de duas palavras, ou uma mesma palavra repetida em duas idéias díspares; uma sensação de grandeza (como achar ser um grande artista, político ou atleta) e de múltiplas capacidades; descontrole de impulsos que podem se manifestar por gastos descontrolados, direção perigosa ou por uma conduta sexual exacerbada ou inadequada; uma sensação contínua de alegria, que não pode ser abalada nem por pensamentos tristes e, por vezes, episódios de irritabilidade ou agressividade.

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      Por vezes, os episódios de depressão ou mania podem ser acompanhados por sensações que não correspondem à realidade (como ouvir vozes que outras pessoas não podem ouvir ou julgar estar envolvido em algum tipo de conspiração ou plano). As primeiras manifestações do transtorno bipolar do humor ocorrem mais frequentemente durante a terceira ou a quarta décadas de vida. 

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      Habitualmente, os pacientes portadores de transtorno bipolar do humor apresentam episódios depressivos ou maníacos e períodos sem sintomas entre eles. 

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     Se não for instituído tratamento, os períodos sem sintomas habitualmente se tornam mais raros e há grande prejuízo à vida pessoal. Assim como na depressão, as causas do transtorno bipolar do humor são múltiplas: fatores bioquímicos (alterações em neurotransmissores), genéticos e ambientais.

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     Felizmente, o transtorno bipolar do humor é uma doença tratável.

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     Em seu tratamento são empregados medicamentos conhecidos como estabilizadores do humor, que servem para tratar tanto os episódios depressivos quanto os episódios maníacos e também previnem a ocorrência de novos episódios.  O tratamento desta doença é feito obrigatoriamente com o uso de medicamentos e pode ser complementado com o emprego de psicoterapia.

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     Como dito anteriormente, a doença era conhecida anteriormente como “psicose maníaco-depressiva”. Por esta ser uma denominação bastante estigmatizante, a doença posteriormente foi rebatizada como transtorno bipolar do humor (ou transtorno afetivo bipolar). As novas denominações reforçam que a doença é uma alteração no controle da estabilidade do humor dos indivíduos. Entretanto, por serem nomes menos estigmatizantes, também “ajudam” na ocorrência de um fenômeno perturbador na atualidade: as pessoas se autodenominarem “bipolares”. Influenciados por várias personalidades que alegam ser “bipolares”, várias pessoas utilizam o nome desta doença inadequadamente para justificarem serem rudes e agressivas com outras pessoas. Além disso, as pessoas geralmente esquecem que o humor das pessoas sem qualquer doença flutua. Ou seja: existem dias em que estamos mais alegres, e dias em que estamos mais tristes. Isso é o normal. Isso não caracteriza doença. O que caracteriza ser transtorno bipolar é grande intensidade a intensidade da euforia ou do rebaixamento do humor, e a característica de evolução em fases. Por exemplo: tipicamente, o paciente bipolar em fase maníaca passa várias semanas ou meses ou eufórico ou deprimido. E depois, com ou sem um período de normalidade, mudam para o pólo de humor oposto. E permanecem neste pólo também por várias semanas ou meses.

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      Um filme muito interessante sobre transtorno bipolar do humor é “Mr. Jones”. Neste filme, Richard Gere interpreta o personagem que dá nome ao mesmo. Trata-se de um homem de meia idade, portador desta grave condição.  Ele, como muitos pacientes com esta mesma doença, não aceita que a mesma seja uma doença, e que necessita de tratamento regular e constante.

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Vamos ao trailer!

 O trailer se inicia com Mr. Jones em fase maníaca (eufórica) do transtorno bipolar. Em 0:03, Mr. Jones aparece em um banco, fazendo gracejos com a caixa, e flertando com a mesma. Ele pede para fechar a sua conta retirar todo o dinheiro do banco (mais de 12 mil Dólares americanos). No filme, ele leva a caixa (uma perfeita estranha até o momento) para sair.

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      A impulsividade característica da fase maníaca fica bem caracterizada em 0:23. Ele literalmente “rouba” o beijo de uma mulher acompanhada na rua, e acaba tendo que fugir de seu acompanhante para não apanhar. O paciente em fase maníaca geralmente tem sua libido extremamente elevada. É muito comum eles fazerem vários “elogios” (muitos deles indecorosos) a pessoas desconhecidas, dado o aumento de sua energia sexual. O mundo fica “lindo”, assim como todas as pessoas à sua volta.

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      Em 0:31, temos uma das cenas clássicas do filme: Mr. Jones aparece em cima de um telhado, sem qualquer equipamento de proteção. Ele fala várias vezes durante o filme “como seria bom voar”. Atos inconsequentes como estes mostram o quanto a doença é perigosa quando descompensada. Potencialmente letal. Em 0:42, Mr. Jones sobe no palco onde uma orquestra se apresenta e a interrompe para “corrigir o tempo” em que a música está sendo tocada. Sem a menor consciência da inadequação de seu ato. É necessário retirá-lo à força da apresentação. Muitos pacientes bipolares em fase maníaca inicialmente podem ser “contagiantes” com sua alegria/euforia para as pessoas à sua volta, como vemos em 1:04. Mas ao serem contrariados, facilmente se aborrecem, como visto em 1:38. Por isso, muitos relacionamentos afetivos de pacientes bipolares acabam rapidamente. O membro da relação que não é portador da doença não consegue lidar com toda esta instabilidade emocional.

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      Em 0:53, o lado “galanteador” do paciehte maníaco novamente fica evidente. Pessoas emocionalmente carentes podem se sentir lisonjeadas com estas emoções fugazes, mas intensas, apresentadas pelos pacientes em fase maníaca. Em 1:11, a psiquiatra que passou a acompanhar o caso (Dra. Bowen – interpretada pela atriz Lena Olin) interroga Mr. Jones sobre o estado atual de seu tratamento. O paciente novamente questiona o objetivo de se tratar, se ela irá “o consertar”.

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      Em 1:17, percebemos o “outro lado” da doença: a fase depressiva. Nesta fase, o paciente tem que enfrentar todas as dificuldades do rebaixamento acentuado do humor. A vida perde sua graça. A energia desaparece. Em uma das cenas do filme, Mr. Jones comenta que quer se livrar dos sintomas depressivos, mas é “viciado” na euforia que a doença causa em sua fase maníaca.  O trailer mostra muito pouco desta fase depressiva, mas durante o filme fica bem evidente o quanto o paciente sofre com a mesma.

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Esquizofrenia



     A esquizofrenia é uma doença mental complexa e intrigante. As manifestações da doença são muito variáveis, mas, no geral, os portadores apresentam períodos em que têm dificuldade para distinguir o real do imaginado e podem vivenciar mudanças na sua forma de pensar e sentir, com prejuízo das relações afetivas e do desempenho profissional e social.

      A esquizofrenia é uma doença grave, que acarreta muito sofrimento para seu portador, sua família e amigos. Quanto antes for detectada e for iniciado seu tratamento, melhor será sua evolução, ainda que frequentemente seja necessário que o tratamento se estenda por toda a vida do paciente.



Sintomas da Esquizofrenia



     A esquizofrenia se manifesta por meio de uma série de sintomas. Nenhum deles, no entanto, aparece unicamente nos portadores desse transtorno: os mesmos sintomas podem ser encontrados em outros transtornos mentais. É por isso que o diagnóstico da doença não é tarefa simples.

    Os sintomas da esquizofrenia usualmente são divididos em categorias (positivos, negativos, cognitivos e afetivos). Os termos “positivos” e “negativos” não indicam “bons” e “maus” sintomas.



Sintomas positivos: delírios, alucinações, desorganização do pensamento, comportamentos excêntricos.



Sintomas negativos: diminuição da vontade e da afetividade, empobrecimento do pensamento, isolamento social.



Sintomas cognitivos: dificuldades de atenção, concentração compreensão e abstração.



Sintomas afetivos: depressão, desesperança, perda de prazer, sentimentos ambivalentes.



Você sabia que...



...uma em cada 100 pessoas apresentará os sintomas de esquizofrenia em algum momento de sua vida?



A esquizofrenia é 20 vezes mais frequente que a esclerose múltipla e é tão comum quanto a artrite reumatóide.





Causas e evolução da doença



       Apesar de as causas intrínsecas da esquizofrenia serem ainda desconhecidas, a interação de fatores genéticos e complicações durante a gravidez e o parto podem afetar o desenvolvimento do cérebro, e a exposição a fatores ambientais, como situações de estresse, aparentemente estão relacionadas ao desencadeamento do transtorno. Entretanto, algumas concepções equivocadas acerca das possíveis causas da esquizofrenia são comuns e contribuem para o estigma associado à doença, devendo, portanto, serem esclarecidas:



•   O uso de drogas  não causa esquizofrenia. No entanto, o consumo dessas substâncias piora a evolução da doença, e é possível que desencadeie a esquizofrenia.



•   A   esquizofrenia  não é causada por maus tratos  por parte dos  pais. Não há evidências de que o ambiente familiar ou a falta de cuidados por parte dos pais sejam causas de esquizofrenia em seus filhos.



     A esquizofrenia usualmente aparece na adolescência e se desenvolve, de maneiras variadas, por um período de uma a duas décadas. Em três de cada quatro casos, a primeira crise ocorre entre a idade de 17 a 30 anos (nos homens), e 20 a 40 anos (nas mulheres).

     A doença afeta homens e mulheres com a mesma frequência, independentemente de fatores culturais, socioeconômicos ou de nacionalidade. Cerca de 25% das pessoas acometidas pela doença recuperam-se totalmente; outras 25% não apresentam melhora - destas, cerca de 10% cometem o suicídio; e 50% apresentam melhora que possibilita uma vida independente em maior ou menor grau.



     Em geral, pode-se afirmar que, quanto mais tardia e repentinamente a doença se manifestar, e quanto mais comum for o comportamento da pessoa antes do aparecimento da esquizofrenia, melhor o prognóstico. Por outro lado, quanto mais cedo e lentamente a doença da pessoa aparecer, e quanto mais retraído e excêntrico for o comportamento, pior será o prognóstico. Além disso, quanto mais tempo o portador ficar em surto, e quanto mais surtos tiver, mais comprometida ficará sua mente.



Você sabia que...

...a esquizofrenia não é um problema de divisão da personalidade?



      A fragmentação dos pensamentos e sentimentos é comumente confundida com noções como “mente dividida” “dupla personalidade” ou “personalidade múltipla”. Nenhuma delas define o que a esquizofrenia realmente é.



Tratamento da esquizofrenia



     As perspectivas para as pessoas que sofrem de esquizofrenia melhoraram muito com os avanços no desenvolvimento de novos tipos de medicamentos, chamados de antipsicóticos de segunda geração. O tratamento aumenta as expectativas de melhora no longo prazo, e muitas pessoas se recuperam da esquizofrenia, se tratadas eficientemente e apropriadamente quando a doença se manifesta.



Você sabia que...



... pelo menos 50% dos portadores de esquizofrenia podem ter uma vida independente?



     Essa porcentagem é ainda mais alta quando o tratamento combina intervenções medicamentosas, psicossociais e de reabilitação. O diagnóstico correto, o tratamento imediato e continuado são fundamentais para aumentar as chances de recuperação.

     Quase 80% dos portadores de esquizofrenia têm recaídas nos primeiros cinco anos de tratamento, a maioria porque pára de tomar os medicamentos. Essas pessoas não possuem consciência da doença, e o fato de abandonarem o tratamento é um problema adicional em sua recuperação.

     A internação do paciente é às vezes necessária, quando em surto, principalmente se há riscos para o paciente (suicídio) ou para outras pessoas (agitação, agressividade).



     Um dos filmes que retrata esta doença é "Uma Mente Brilhante". Ele é baseado em uma história real, de John Nash, um matemático genial. Mesmo o filme recebendo várias críticas por alterar alguns fatos da vida real de Nash, é bastante didático para se compreender os sintomas da esquizofrenia.

Vamos ver o trailer:

De 0:00 a 1:00, observa-se a fase da vida anterior à esquizofrenia: sucesso profissional, acadêmico, relações interpessoais saudáveis, afetividade intacta. Nash se envolve com sua futura esposa.

     Então, a esquizofrenia começa a se manifestar.

     Em 1:01, o paciente é supostamente recrutado pelo governo dos EUA para trabalhar em um projeto na área de criptografia. Nos pródromos de esquizofrenia, o paciente apresenta uma sensação de estranheza, como se algo estivesse muito errado no mundo.  Assistindo o filme, percebe-se que o protagonista passa a acreditar que está trabalhando em algo grandioso, ultra-secreto.

     Os sintomas vão se tornando cada vez mais graves: ele passa a ver pessoas que não existem, acredita que tudo em sua existência está relacionado com seus delírios de perseguição. Este é o tipo mais comum da doença, chamada de esquizofrenia paranóide.

     É muito comum o paciente acreditar que tem uma missão especial, ou algum dom especial, divino, e que tem que completar esta missão senão algo extremamente ruim irá ocorrer. Por exemplo, muitos acreditam que se não concluirem a sua "missão "o mundo irá acabar, e sendo assim, eles sentem-se os responsáveis pelo destino da humanidade.

     Voltando ao trailer: Nash passa a se descuidar de sua aparência pessoal, e se afasta afetivamente de sua esposa. Toda sua vida passa a girar em torno de um sistema delirante bem estruturado, com uma lógica própria, que só ele é capaz de compreender.

      Mas as outras pessoas não entendem esta lógica simplesmente porque ela não existe, é um delírio apenas.

     Existe uma crença popular de que o esquizofrênico é alguém com inteligência acima da média, um gênio. E isso não é verdade. É uma doença que ocorre em pessoas com inteligência dos mais variados níveis. E muito pelo contrário, a doença não aumenta a capacidade intelectual de ninguém. Gera é embotamento cognitivo - dificuldade para raciocinar e se concentrar. Além de embotamento afetivo: dificuldade para definir e expressar eficientemente suas emoções.

      As alucinações de Nash são extremamente vívidas, e ele vê, conversa e interage com pessoas que são reais para ele, mas que não existem de verdade.

     A decadência no desempenho da vida profissional e pessoal do protagonista é marcante, devido à doença.

      No final do filme, fica clara uma outra característica importante da doença: ela tem controle, mas não cura completa. Nash encontra uma pessoa na porta de uma sala de aula, conversa com ela. Outra pessoa está junto. Então ele pergunta para a pessoa que ele tem certeza que existe: "Você também está vendo esta outra pessoa? Ela é real?" É uma maneira de ele se certificar que o outro interlocuto é real, e não mais uma alucinação.



     Outro filme muito interessante sobre a esquizofrenia é "Ilha do Medo". Estrelado por Leonardo DiCaprio, no papel de Teddy Daniels.

       Ele retrata a vida de um agente federal supostamente encaminhado a um manicômio judiciário para investigar o desaparecimento de uma paciente internada.

       Vamos ao trailer do filme:

Teddy chega à ilha acompanhado de seu "colega" Chuck Aule, que seria um agente federal subordinado a ele.

      Em 0:47, ele faz duras críticas à instituição, acreditando que os pacientes não estavam sendo tratados da forma adequada.

      Daí para frente, o Teddy passa a "investigar" o desaparecimento da paciente. Várias informações conflituosas são fornecidas ao espectador, gerando alguma confusão. Os psiquiatras parecem se contradizer.

      Em 1:07 Teddy e seu colega vão até um farol, onde supostamente estavam sendo realizadas cirurgias experimentais para combater os acusados de serem contraventores.

     No filme, próximo a este farol, ele encontra nas rochas escondida uma suposta psiquiatra que teria sido declarada como louca porque iria "denunciar os crimes". Ela diz a Teddy que eles estão querendo fazer a mesma coisa com ele, "o drogando" porque ele está próximo de desvendar a verdade.

     Em 1:25, o paciente continua com sua "cruzada" para desvendar os supostos planos maléficos. A confusão mental se agrava.

     Teddy, após ferir um segurança do farol, sobe suas escadas com uma arma em punho procurando o aparato para as "cirurgias".

     E nada encontra.

     A partir daí é possível compreender tudo o que se passou: após um grande trauma, Teddy comete um crime grave. E logo após se inicia um quadro de esquizofrenia paranóide. E assim, é encaminhado ao manicômio judiciário localizado na ilha.

     Os psiquiatras e funcionários da ilha não estavam planejando nada de ruim. Eram simplesmente os delírios de perseguição de Teddy que davam esta impressão. A psiquiatra das rochas perto do farol não existia. Era uma alucinação.

     Chuck, o parceiro de Teddy, na verdade era seu psiquiatra, e não um agente federal. Esta crença errônea era apenas mais uma face da esquizofrenia.

     No final do filme fica clara o grande esforço de toda a equipe de saúde mental em ajudar o paciente, e não de persegui-lo.

     Na época retratada, não existiam os recursos terapêuticos que existem atualmente. No filme é citada a primeira grande medicação da psiquiatria, a clorpromazina. Era a psicofarmacologia dando os primeiros passos.

     Felizmente a ciência avançou enormemente desde a invenção da clorpromazina, e mudou para muito melhor o panorama da vida dos pacientes portadores de esquizofrenia.






Síndrome de Burnout ou Síndrome de Estafa Profissional

.       O trabalho geralmente ocupa grande parte das horas que o indivíduo dispõe durante sua existência.

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     A famosa frase “O trabalho enobrece o homem”, do pensador alemão Max Weber (1864-1920) ilustra como a sociedade valoriza o trabalho.

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     O avanço da ciência também contemplou o estudo das doenças mentais, e naturalmente a relação das mesmas com o processo laboral.

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       Neste contexto, o médico e psicanalista Herbert Freudenberger, em 1974, cunhou o termo staff burnout, estudando profissionais de saúde mental. Segundo o mesmo, trata-se de uma síndrome caracterizada por exaustão, desilusão e isolamento de tais profissionais. Estes três elementos são reconhecidos como os pilares da síndrome de burnout até os dias atuais.

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      A síndrome de burnout foi amplamente reconhecida como um risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos em geral. Entretanto, também ocorre em profissões que não lidam diretamente com pessoas, em profissionais com ruins condições de trabalho e baixo nível sócio-econômico.

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      Na síndrome de burnout é descrita a dificuldade do profissional em lidar com as emoções dos seus clientes, levando-o a tratá-los de forma impessoal e desumanizada.

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    O burnout parece acometer pessoas altamente motivadas e dedicadas, observando-se nos profissionais acometidos uma queda no desempenho, que influi na qualidade dos serviços prestados. A síndrome se correlaciona com insônia, aumento do uso de álcool e drogas, problemas no casamento e na família.

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     Estes profissionais atingidos pela síndrome, geralmente, são pessoas que se dedicam profundamente a seu trabalho, não sabem dizer não, ocupam-se com várias coisas ao mesmo tempo e têm compulsão para o trabalho, retirando dele grande parte de sua satisfação pessoal.

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     Paradoxalmente, estas características são as mais valorizadas pelos departamentos de seleção de pessoal: um profissional que não mede sacrifícios pela empresa e tem grande necessidade de vencer e ser reconhecido. Dificilmente relaxa. Entretanto se, além disso, demonstrar pouca habilidade para lidar com o estresse em situações interpessoais, pode ser levado ao burnout.

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     As implicações financeiras específicas do burnout merecem ser avaliadas diante da insatisfação, absenteísmo, rotatividade e aposentadoria precoce causados pela síndrome.

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      Outro ponto a ser ressaltado: síndrome de burnout é um conceito que se aplica a indivíduos que realmente desejam trabalhar, e efetivamente trabalham.

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     Burnout não é um conceito adequado a pessoas que não desejam trabalhar, e por isso teriam problemas com qualquer espécie de trabalho. Tampouco é um conceito que diz respeito a pessoas buscando ganhos secundários (simuladores).

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    Analisando-se os vários estudos sobre o assunto, percebe-se que alguns pontos em comum parecem se destacar independente das condições e metodologias em que os mesmos são realizados:

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  - Burnout em geral afeta profissionais que lidam diretamente com pessoas. É uma síndrome, por excelência, de “gente que trabalha com gente”. Entretanto, mesmo profissionais de outros ramos podem ser afetados, de acordo com suas condições de trabalho e apoio das organizações.

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  - Burnout é uma síndrome multidimensional. Não envolve apenas o indivíduo. Envolve as organizações, a sociedade, as condições socioeconômicas e as de infraestrutura.

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   -Burnout não pode de forma alguma ser confundido com “excesso de trabalho”. Existem profissionais que trabalham bastante e não apresentam burnout. E outros que mesmo com pequena carga laboral, mas com inadequações, sofrem da síndrome em sua forma plena em pouco tempo.

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   - Burnout se correlaciona com doenças das mais diferentes esferas, psíquicas e somáticas. Sendo assim, pelo menos em parte, estudos que avaliam os impactos de estressores crônicos podem ser extrapolados para o ambiente da estafa profissional. E dessa maneira, as consequências são extremamente devastadoras, tanto quando se considera apenas a saúde do indivíduo, quanto quando se avaliam os volumosos gastos com doenças que a sociedade tem que arcar.

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   - Prevenção e tratamento de burnout são temas que muitas vezes se confundem, pois medidas de prevenção primária podem em muitos casos se mostrar úteis a pacientes já acometidos pela síndrome, e vice-versa.

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   - O tratamento e a prevenção de burnout devem levar em conta, via de regra, todos os determinantes e esferas envolvidos para serem eficazes. Intervenções pontuais provavelmente serão pouco eficientes em um problema de origem complexa e multifatorial.

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     De pouca utilidade no mundo atual é determinar “qual profissão é a mais afetada”, “qual a campeã do nefasto ranking do burnout”. O que provavelmente é mais importante é agir de forma rápida, enérgica, e eficaz na prevenção e tratamento, para evitar perdas potencialmente irreversíveis.

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     O equilíbrio parece ser um conceito fundamental no combate do burnout.

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     Os profissionais precisam de equilíbrio para escolherem carreiras adequadas às suas personalidades e estilos de vida, e devem saber reconhecer quando algo está errado, e sendo assim, agir para mudar. Inércia pode ser um curto caminho para o burnout.

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     As organizações precisam investir em qualidade de vida de seus profissionais, sob pena de perdê-los para o burnout ou para outras empresas mais “conscientes”. Entretanto, precisam de equilíbrio para realizar tais investimentos, e ao mesmo tempo conseguirem manter suas saúdes financeiras no mercado mundial.

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      E a sociedade precisa do equilíbrio das instâncias supracitadas, já que o burnout tem uma característica bastante peculiar: uma espécie de “retroalimentação positiva”.

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   Por exemplo: se uma organização gera estafa profissional, o trabalhador afetado passa a não mais trabalhar da forma “mais lucrativa possível”, o que é danoso para a empresa.

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      Este mesmo profissional “leva os problemas da empresa para casa”, e se distancia emocionalmente de sua família, afetando negativamente seu ambiente familiar (onde existem outros trabalhadores, inclusive).

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      Um ambiente familiar hostil contribui para um mau desempenho no trabalho dos seus integrantes, que provavelmente irão tratar de forma inadequada (e muitas vezes injusta) clientes e colegas de trabalho. Forma-se assim um círculo vicioso, lesivo a todos os entes envolvidos.

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    Sendo assim, o estudo da síndrome de burnout transcende a simplicidade de uma relação entre o trabalho e o indivíduo, e assume uma dimensão muito mais importante: a do bem estar social, em última instância.

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Simulação


  

     Infelizmente, além de lidar com as doenças, os psiquiatras tem que lidar com uma condição no mínimo inusitada: a simulação.

     É considerada simulação a situação em que uma pessoa finge deliberadamente um sintoma ou doença psiquiátrica para obter alguma vantagem ou benefício.

     Exemplo: alguém que finge estar com alucinações e delirando para se passar por um “louco grave e irrecuperável”, e assim conseguir uma aposentadoria por invalidez.

     Existe um filme muito engraçado que trata sobre este tema:

“Os Safados”.

     É um filme estrelado por dois grandes nomes da comédia: Michael Caine e Steve Martin.

     É um filme fantástico, com um final surpreendente!

     Vale à pena adquirir um DVD deste filme nas lojas virtuais da internet. Diversão garantida por um preço bem pequeno!

     Trata-se da história de dois golpistas profissionais disputando seu espaço na Riviera Francesa, em Beaumont Sur Mer, um balneário onde viúvas ricaças e esposas carentes de milionários passam suas férias.

     Para resolver a disputa, pois “a cidade era muito pequena para os dois profissionais do golpe”, eles decidem fazer uma aposta. Venceria a disputa quem conseguisse retirar primeiro de Janet Colgate  - a “Rainha do Sabão dos EUA” quantia de 50.000 Dólares Americanos.

     O perdedor deixaria a cidade.

     Para sensibilizar a moça, o personagem de Steve Martin finge ser Freddy Benson, um militar que após “um grande trauma psíquico” alegava não mais conseguir sentir nem mover as pernas.

     O “trauma” inventado por ele foi o seguinte: viu sua noiva com um amante. Ambos nus. Em uma pista de dança, “dançando e fazendo amor”...

    A idéia era simular uma condição psiquiátrica chamada genericamente de “transtorno dissociativo”.

     A estratégia do golpista era retirar da Janet esta pequena fortuna para realizar o tratamento com o único psiquiatra do mundo que poderia “curá-lo” deste trauma: o Dr. Emil Shauffhausen, de Liechtenstein.

     Entretanto o personagem de Michael Caine, ao descobrir o plano do rival, teve uma idéia brilhante: passar-se pelo mitológico e fictício Dr. Emil Shauffhausen. Assim, ele convenceria Janet Colgate de que ela não poderia dar qualquer soma de dinheiro a diretamente Freddy Benson, sob pena de “piorar sua doença”. Os honorários do tratamento deveriam ser pagos diretamente a ele. Assim, ele venceria a aposta.

     Na cena a seguir, veremos o falso psiquiatra Shauffhausen tentando desmascarar o falso paraplégico Benson.

     A cena se inicia com Janet Colgate, no saguão do hotel onde está hospedada, tentando convencer o Dr. Emil Shauffhausen a fazer uma avaliação de Freddy Benson.

 Em 0:12, o “Dr.” frisa que não pode ser dada qualquer quantia diretamente para Benson fornecendo uma explicação completamente sem sentido, “pseudo-psicanalítica”.

      Em 0:40, ele fala que só aceita o caso se o pagamento for feito diretamente a ele.

     Em 0:56, vemos o falso paraplégico andando tranquilamente pelo quarto do hotel...

     Logo após, ele senta em uma cadeira de rodas, simulando não conseguir andar.

     Em 1:40, Janet Colgate anuncia a grande novidade: “Dr. Emil Shauffhausen !!!”

     O simulador fica completamente atônico, provavelmente pensando: “Como, se ele nem existe???”

     Ao ver o rival adentrando a sala, começa a entender o que está se passando...

     Ele simula estar alegre por “finalmente conhecer o psiquiatra que iria lhe curar”.

     Em 2:13, o Dr. Emil Shauffhausen começa a “examinar o paciente”: faz cócegas na planta do pé direito do rival, para fazê-lo rir, e assim “se entregar”.

     Em um transtorno dissociativo verdadeiro a pessoa realmente não sentiria os estímulos realizados.

      Já na simulação... Benson mal se segura com as cócegas.

      Em 3:09, o Dr. Emil Shauffhausen passa para um exame um pouco menos ortodoxo”, para não falar “completamente sádico”: ele passa a açoitar a perna do seu adversário simulador, na esperança de que com a dor sentida, ele se revelasse como simulador.

     O olhar de desespero do simulador é cômico!

    Em um transtorno dissociativo verdadeiro, obviamente nenhum psiquiatra faria um “exame” destes. E a pessoa realmente não sentiria os estímulos dolorosos.

     Já na simulação... Benson começa a chorar de dor!

     Como trata-se de um filme de comédia, Janet Colgate atribui o choro de Benson à “emoção de Benson por o Dr. Emil Shauffhausen finalmente o ter aceitado como paciente!!!”.

      Steve Martin e Michael Caine estão impagáveis nesta cena!






Fontes:

- Manual para a imprensa: boas práticas de comunicação e  guia com recomendações para um texto claro e esclarecedor sobre  doenças  mentais e psiquiatria / Associação Brasileira de Psiquiatria. – 2. ed. – Rio de Janeiro: ABP Ed., 2009. 


- Trigo, T.R. et al. / Rev. Psiq. Clín 34 (5); 223-233, 2007. Síndrome de burnout ou estafa profissional e os transtornos psiquiátricos.  



- Considerações Clínicas, Epidemiológicas e Sociais sobre a Síndrome de Burnout. Borges, R. Q. / Acervo da Biblioteta do Hospital de Base do DF, 2011



- Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID - 10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas - Porto Alegre: Artes Médicas, 1993

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- Sadock, Benjamin James. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 9. ed. - Porto Alegre: Artmed, 2007


- http://www.cinepop.com.br/cartazes/procurado_4.jpg - Foto 1 - Acessado em 14/08/2011

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- http://blogna.tv/wp-content/uploads/2010/03/Dexter.jpg - Foto 2 - Acessado em 25/08/2011


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